Infelizmente, acredito que a resposta seja NÃO. Tenho contato com pessoas que lecionam em escolas públicas e, embora não seja correto generalizar, o retrato que tenho é de uma instituição que perdeu sua função.
Antes vale ressaltar: Estudei em escolas públicas até a terceira série (modelo antigo). Da quarta a oitava estudei em escola particular, mas depois voltei a completar meu colegial numa pública.
Preciso pesquisar mais a respeito sobre o tal "modelo frânces" atualmente adotado, mas logo de cara já se percebe um pequeno problema: aqui NÃO É A FRANÇA, diabos!!! Como esperar que num país de terceiro mundo, com a maioria da população abaixo da linha da pobreza, um modelo de ensino feito para um país desenvolvido, e com uma realidade social totalmente diferente, funcione? Talvez com adaptações, mas só talvez também.
O que temos hoje se resume a frase de um aluno para a professora (no caso, minha irmã): "Dona, não se preocupa em passar coisa pra fazer, eu não vou fazer e ainda vou passar de ano.". O antigo medo que, presumo que a maioria de nós, tínhamos de repetir de ano não existe mais. Agora você pode ser um imbecil completo que não sabe somar 2+2 e ainda sim ter seu diploma de ensino médio! Maravilha não?
Não vou generalizar, devem existir ótimos alunos se formando nas escolas públicas, alunos com consciência que conversam com os professores, que se interessam pela matéria e fazem as atividades propostas.
O último paragrafo soou como piada para você? Infelizmente, para mim também.
E esse é o futuro da nação. Que os Deuses nos ajudem.
Abraços
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Eu só queria conseguir pensar em uma outra solução...porque também já não existem alunos como nós éramos (acho que até mesmo de nossa época éramos os últimos)!
ResponderExcluirOpa! Então, como você eu precisaria pesquisar mais para saber o que do sistema francês de ensino (que não devia mais ser chamado assim, já que até na França ele está mudando :P) foi adotado aqui.
ResponderExcluirO que aconteceu com sua irmã foi resultado do fim das reprovações, e a adoção do princípio da continuidade.
A grande diferença na nossa época é que tínhamos medo de "voltar" um ano, e ter de fazer tudo de novo. Não acredito que isso funcione, mas também não acho que o medo de fazer uma série de novo vai tornar os estudantes melhores a longo prazo (afinal, o alto índice de reprovações em nossa época era responsável pelo grande número de evasões escolares).
Em suma, eu sou um maldito idealista que tem fé no futuro da humanidade (cuidado com esse tipo de gente! :P), mas não acredito que a educação pública esteja condenada, só acho que ela tem solução, mas vai levar décadas para isso e talvez a geração seguinte possa trabalhar em escolas excelentes. Digo isso pois estudei em uma escola pública excelente, que apesar de algumas coisas que pioraram, no geral ela contínua boa, com um baixo índice de evasão e boas notas no ENAD (independente do que eu possa achar se ele avalia algo).
O mundo pode ser uma droga de vez em quando, e dá vontade de chutar o pau da barraca, mas quando vemos esse tipo de coisa temos que entender que a solução vem a longo prazo e não no ano que vem (infelizmente).
Só pra finalizar, esses dias estava lendo a introdução do volume 1 da Isaac Asimov Magazine. Basicamente o editor fala que não tinha saudade dos tempos antigos, que todos dizem ser melhores pois normalmente, quando dizemos isso, esquecemos de todos os problemas da época.
Por exemplo: que bom seria viver na idade média, com mais natureza e vida simples. O que as pessoas esquecem é que se vivessemos nessa época (como não temos nenhum título de nobreza em nossa família) seríamos servos explorados por um senhor feudal. O mesmo vale para o modelo de educação que tivemos, só vemos as vantagens e esquecemos de todos os erros dele. Antes de criticar o modelo novo e condenar a educação pública, precisamos conhecer as falhas do modelo de onde viemos.
Agora acabou! :D
Também não sei em tudo que se baseia o tal sistema Francês, mas de uma coisa eu sei: ele não está funcionando no Brasil, talvez com algumas adaptações.
ResponderExcluirEstá claro que algo precisa ser alterado no ensino, e logo, porque senão nem daqui a não sei quantas décadas conseguiremos recuperar o que está sendo perdido.
Vejo duas mudanças que deveriam ser imediatas:- Acabar com a estabilidade do cargo público (pq motiva professores a dizer: Dando aula ou só enrolando, meu salário, no final do mês vai estar na conta, logo vou enrolar, me canso menos); - Aumentar o salário dos professores (não é porque estou inclusa na categoria que estou dizendo isso não, mas uma manicure, não desmerecendo o trabalho de ninguém, ganha 20 reais/hora de trabalho, porque um educador (hoje em dia não somos apenas professores não) tem que ganhar 8, 9, 10 reais/hora de trabalho?
Creio que para comentar sobre o problema é necessário estar inserido nele, e não há pouco tempo como eu estou, vivenciando isso há muito tempo para entender e poder opinar de verdade. O que tenho observado é que a formação que recebemos na faculdade fica muito a desejar para a realidade que vamos enfrentar na prática. Tenho alunos de inclusão social, como trabalho com eles? Não sei, nunca tive uma aula sequer a respeito deles! Tenho alunos dependentes químicos, que se prostituem, ex-internos da Fundação Casa, como lido com eles? Não sei!!! Nunca tive uma aula sequer sobre eles!!!
E esse ENADE (que alguém já citou acima) não serve para avaliar nada! Muitas das escolas que se saem bem nele é pq professores martelam durante o ano letivo somente em cima das provas anteriores, e pq isso? Pq a escola que se sai bem nessa prova os professores/coordenadores são recompensados financeiramente (chegando a ganhar até 5 mil reais). Tenho informações de que alguns professores fazem a prova dos alunos da escola! Logo, não merece apreço.
É muito difícil falar de soluções, tudo tem que ser alterado, repensado, criar um modelo para a realidade do nosso país e não importar modelos que deram certo em outro lugar.
Enfim, existem alunos que se destacam hoje em dia sim, e alunos muito bons, estudiosos, interessados, mas são a grande minoria e não existem mais alunos medianos (que, acredito eu, eram a grande maioria antigamente e acabavam "mascarando" os piores alunos), sobrando assim os piores alunos, que não querem nada com nada, e que hoje se "destacam", mascarando os bons, limitando os bons, sim, pq não dá para dar aula para 2, 3 alunos e deixar o resto da sala colocar fogo na cortina.
Fora que sair da sua casa e ir para escola cheio de boa vontade e chegar lá e ouvir de um aluno que vc vai tomar um tiro na cabeça pq o mandou para fora da sala de aula motiva alguém a ensinar alguma coisa?
Professor irá se tornar artigo de luxo e isso não irá demorar décadas para acontecer não...